A Cabana não faz a vida de um comensal propriamente fácil. Temos que suar, antes de nos podermos deleitar com as suas especialidades do mar.

O regime estrito, tipo militar, faz-se sentir logo no momento da reserva. As reservas são feitas por telefone, com um ruído de fundo que inclui tilintar de talheres e muitos “tinto para a sete” e “mais uma de tostas para a dois!”.

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Para arranjar mesa e comer com calma, é sugerido que se chegue cedo. “Cedo” são 19.30h o mais tardar e os clientes habituais sabem que o horário é para cumprir escrupulosamente. Ainda assim, chegamos às 19.52h. O nosso entrar de mansinho e olhos doces à gatinho das botas do Shrek não impressionou a proprietária, uma determinada mulher do Norte que nos deu um raspanete que quase nos tirou o apetite para as entradas. Até hoje ainda achamos que a cabeça de tubarão que lá está exposta foi tirada pela proprietária, da mesma forma que o resto do pessoal retira a cabeça a uma sardinha.

Ao sermos chamados, abrimos alas entre um emaranhado de gente, que ora ladeava as grelhas do marisco (em que imperava a boa-disposição dos funcionários), ora se sentava no banquinho de madeira estilo “banco de suplentes”, mesmo em frente ao restaurante.

A sala de refeição estava apinhada de gente. Via-se marisco em todo lado, “senhoras travessas” de marisco, que ora impressionavam pela quantidade ora pela guarnição (a ponto de os próprios empregados tirarem selfies com as ditas cujas).

Foi-nos colocada de imediato uma mesa à disposição, e as entradas foram trazidas. Pão, broa, tostas, manteiga e chouriço acabado de sair da grelha. Veio também o vinho, branco, fresco como se queria. Não nos demoramos a pedir o best supporting actor da refeição, a sapateira recheada. Ao chegar a sapateira, as tostas desapareceram num instante e a conversa animada deu lugar a um conjunto de caras deleitadas, que comiam com os olhos e se esqueciam que o prato principal ainda estava para vir. O recheio da sapateira estava fresquíssimo no duplo sentido de se tratar obviamente de peixe fresco e de a temperatura a que foi servido ter sido a ideal.

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Enquanto esperávamos pelo herói da noite, observamos como A Cabana (podem ler aqui a Posta sobre a nossa primeira visita a este estaminé) é um típico exemplo de um negócio familiar muito funcional. O restaurante é aparentemente gerido pelos filhos dos originais proprietários, dos quais existe um retrato a preto e branco colocado por cima do balcão principal. A comunicação entre empregados é intensíssima. De vez em quando, quase nos engasgávamos com um estridente “olha a sapateira para a sete!” ou nos deixávamos apoquentar com o ritmo frenético e sério, ainda que perfeitamente coordenado, dos funcionários.

Ao chegar o marisco, esquecemos os gritos e os raspanetes. Pedimos dois para seis, e a meio já estávamos a pedir misericórdia, mas sem coragem para deixar ficar um dos melhores arrozes de marisco que havíamos provado! O arroz vinha quente, ainda a borbulhar, vinha perfeitamente servido e estava muito bem guarnecido.

No final, um conviva não identificado pediu um bolo de chocolate. Já não cabia na barriga de um só, pelo que partilhamos entre os 6 e ainda deixamos ficar, por ser excessivamente doce para o nosso gosto.

Para terminar a refeição, um empregado que parecia mesmo o vocalista dos Maroon 5 (I rest my case!) trouxe-nos um licor da casa para “empurrar” o marisco. O licor de aguardente e mel veio mesmo a calhar, era maravilhosamente doce e secretamente alcoólico. Todos (exceto o condutor do grupo!) provaram e repetiram 2 vezes: uma na mesa, e uma no banquinho de suplentes, onde tivemos que aguardar enquanto a digestão ganhava fôlego, antes de regressarmos satisfeitos à base.

A Cabana

Morada: Lugar de Cedovém · Apúlia, Esposende
Telefone: 253 982 065
Horário: Seg a Dom – 12h00 Às 22h30
Aceitam reservas? Sim

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One Comment

  1. Já sim! Desde que me conheço que é o nosso local de eleição para comer bom marisco e peixe fresco nesta zona.
    Desde os tempos em que a D. Filomena (a matriarca) gritava para a cozinha, dizia muitos palavrões e fazia a conta na toalha de papel da mesa.
    Entretanto a D. Filomena toma conta dos netos e são os 2 filhos que gerem a casa e continuam a tradição, os decibeis, a boa disposição e a qualidade.

    :)

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