Casa da Igreja | Cacela Velha | Carapaus de Comida

Eis que chegamos à segunda e última incursão digna de registo das férias nos Algarves: houve mais mas, ou porque repetimos os estaminés visitados, ou porque comemos rapidamente num centro comercial próximo, passámos a posta. Desta feita, resolvemos rumar a Cacela Velha, localidade digna de muitas visitas, a cerca de cinco quilómetros de Cabanas de Tavira, onde costumamos assentar arraiais, nas férias de Verão a Sul.

Cacela Velha é uma terreola curiosíssima, onde nunca procurei arrendar casa só porque me falta a papelaria para as revistas e o supermercado para as compras do dia-a-dia; de outro modo, aquela maravilha de casas caiadas e rodapés pintados predominantemente a azul, com vista sobre o mar e a Ria e uma das praias mais recatadas da costa Sul, seria com certeza o meu local de eleição para veranear. De todo o modo, nunca deixo pelo menos de lhe fazer uma visita e, preferencialmente, de ali comer qualquer coisa – sendo que até nisso Cacela é original, já que ali existem três restaurantes e todos partilham a particularidade de ter “casa” no nome: Casa Velha, Casa Azul e Casa da Igreja.

[bctt tweet=”A Casa da Igreja, Cacela Velha, Algarve”]

Desta vez, e porque não tínhamos efectuado marcação (só porque não nos atenderam quando a tentámos e depois esquecemos a renovação do telefonema, porque apanhar sol e tomar banhos de mar deixa-nos pouco vocacionados para essas maçadas), fomos um pouco a ver no que dava: o nosso fito era a Casa da Igreja, mas condescenderíamos em ir ao Casa Velha, se aquele não nos recebesse (o Casa Azul seria última escolha). Uma vez estacionada a viatura, ao bater das 19h, rapidamente verificámos que o nosso plano fora sabotado: o Casa Velha estava fechado (ainda hoje estou para perceber porquê, porque encerra à segunda para descanso semanal e estávamos numa terça-feira), assim como o Casa Azul – o que nos levou a pensar que acontecera alguma tragédia que comprometera toda a aldeia.

Mas não: mal chegámos ao largo da igreja, onde se situa a Casa de Pasto Casa da Igreja, percebemos que a animação morava toda ali, benzádeus (muito apropriadamente): apesar da ventania que se fazia sentir naquele dia 8 de Setembro, as mesas de madeira corrida da esplanada estavam quase todas cheias e havia fila para ocupar um dos lugares lá dentro, que são pouquíssimos e muito disputados (imagino que sobretudo quando o tempo está menos agradável). Ora nós, que gostamos pouco de filas e menos ainda de esperar, optámos, apesar das vestes pouco assisadas, por uma mesa vaga cá fora: escolhemos os lugares encostados à parede, que nos poupava da agressividade do vento de Sudoeste que se levantara ao fim da tarde e preparámo-nos para o banquete.

Felizmente, o serviço, apesar de heterogéneo em termos de simpatia (dois funcionários simpáticos, uma outra de cara fechada – “à Algarve”, como costumo dizer), é super-competente e rápido, o que nos levou a ser servidas quase de imediato. Do “preçário” (ali não há ementas ou menus, há uma folha de papel em que nos é dado conhecimento do que há e de quanto custa), escolhemos as amêijoas, as ostras e o chouriço assado, que escolhemos acompanhar com pão e finos. E é difícil escrever muito sobre o que nos foi dado a degustar: estava tudo bom, sabem? Tudo muito bom, pronto.

O pão era alentejano e fresco, com a côdea ainda estaladiça; o chouriço, que foi o primeiro a vir ter connosco à mesa, era absolutamente delicioso, quase sem gordura; as amêijoas, portuguesas e de concha escura, eram carnudas e bem cozinhada (não são as melhores amêijoas  que já comi, como são para Miguel Esteves Cardoso, mas são francamente boas – e o molho suplica que se lhe mergulhe o pão) e as ostras… bom, são seguramente das melhores que já comi e certamente as mais baratas (doze custam 12€). Escolhêmo-las ao natural (em alternativa, há-as ao vapor), porque para mim esta é a única forma de comer ostras, regámos cada uma com uns pingos de limão, e passámos uns minutos melhores do que bons, a saboreá-las – devo dizer que, das doze, só eu comi oito – e mais houvesse.

Nesta altura, já estávamos praticamente enregeladas e tivemos de pedir a conta, mesmo porque ali não há sobremesas nem mariquices: ali come-se e bebe-se e o resto que se vá fazer a outro lado – felizmente, duas senhoras da zona montam uma banca de bolos regionais, feitos por elas, que vendem à fatia (entre 1€ e 1,50€), mesmo em frente, para nos satisfazer a gula doce. Só vos digo: não haveria melhor forma de nos despedirmos dos Algarves (rumámos a Norte na manhã seguinte) e os bons apetites ficaram por pouco mais de 19€ por pessoa – o que é coisa extraordinária.

A Casa da Igreja
4.3 / 5 Carapaus
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Positivos
  • As ostras
  • O pão alentejano
  • A relação qualidade/preço
  • A vista
  • Negativos
  • O ínfimo espaço interior
  • A ventania na esplanada
  • Resumo
    Estaminé imperdível para quem gosta de petiscos bons e baratos.
    Serviço4
    Comida5
    Preço/Qualidade5
    Espaço3
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    A Casa da Igreja

    Morada: Largo da Igreja, Vila Nova de Cacela
    Telefone: 289 952 126
    Horário: Seg a Dom – 16h30 às 22h30 (Junho a Setembro) | Sáb e Dom – 16h30 às 22h30 (Outubro a Maio)
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