Sabem aqueles dias em que o sítio onde vão fazer uma refeição não foi previamente escolhido, há ali uns momentos de indecisão, acabam por optar por algo prático e são agradavelmente surpreendidos? Ora pronto, foi isso que nos aconteceu num sábado em que o único plano estruturado era o de ir para os lados do Cabo da Roca, com o singelo objectivo de passar por lá as horas de sol a jiboiar, não mais, até serem horas de irmos até ao Jardim da Estrela, onde ocorreria o Meo Out Jazz, mais para o meio/final da tarde. Quando demos por nós, já tinham passado umas horas desde o pequeno-almoço, estávamos todos cheios de fome (já naquele nível da irritaçãozinha) e tínhamos a certeza de que não chegaríamos ao Guincho sem nos pegarmos todos, a menos que devolvêssemos ao corpo os nutrientes que ele perdera entretanto.

Já estávamos no carro, em plena segunda circular, e acabámos por ir discutindo onde iríamos enquanto rolávamos, o que cada vez nos dava um espectro menor de escolha, pelo que tratámos de sair na zona do Colombo e, mais uns quilómetros feitos, alguém se lembrou de uma hamburgueria ali nas Telheiras, pertencente àquela vasta casta de estaminés abertos no último par de anos, que cabe na nomenclatura que abarca tudo quanto é hambúrguer gourmet/artesanal/chamem-lhe o que vos apetecer. Alguém lá tinha ido mais ou menos recentemente e havia gostado da coisa, de tal modo que achava que valeria a pena voltar (e não, não era só a fome a falar).

A 100% Hamburgueria, que tem já três estaminés espalhados por Lisboa e arredores (para além das Telheiras, encontramo-los em Massamá e Reboleira) teve honras de destaque na Time Out lisboeta, por divergir das suas congéneres no modo como trata a carne que serve: esta chega ao restaurante embalada em vácuo e somente no local é picada – ou não, e daí terem no menu a opção (que achámos genial) dos Pré-Burguers, que são, no fim de contas, pregos (ou seja, a carne antes de ser picada para hambúrguer). De resto, a oferta é variada, entre os tradicionais hambúrgueres artesanais, em dezasseis variações (o que nos parece número generosíssimo), temos hambúrgueres vegetarianos e de aves, para além dos pregos (ou pré-burguers). Todos são servidos com batatas fritas, que podemos trocar por batata-doce, se estivermos dispostos a pagar mais 1€ (e três de nós estiveram, obviamente, porque batatinha doce é pitéu maravilhoso).

[bctt tweet=”Hamburgueria 100% Artesanal, Lisboa”]

Escolhemos todos coisas diferentes, a saber: a MF foi no Tofu (hambúrguer de tofu, alface, tomate, cebola roxa, curgete grelhada e ovo), o PA optou pelo Pré 100% (carne de novilho selecionada, alface, tomate, queijo edam e fiambre, em bolo do caco com manteiga de alho), o FS quis o 100% (hambúrguer com cerca de 160g de carne de novilho, alface, tomate, queijo edam, bacon e ovo) e esta vossa serva, por fim, não resistiu à promessa do Rústico ( hambúrguer com cerca de 160g de carne de novilho, agrião, tomate, queijo brie, cebola caramelizada e cogumelos confitados, tudo servido em bolo do caco com manteiga de alho).

Enquanto esperávamos, chegaram as bebidas, que variaram entre a água, a Cola Zero e as canecas bem tiradas, e fomos apreciando o espaço e a zona: na verdade, este estaminé situa-se numa zona eminentemente residencial, sendo as famílias locais o principal público alvo e o que de facto predomina ali (nós éramos claramente excepções). Por isso mesmo, em dias que não são um primeiro domingo de Agosto cheio de sol (em que os locais foram laurear a pevide para a beira mar ou terão partido de férias), não será tão fácil como foi para nós estacionar na área, embora haja imenso espaço – nós parámos o carro quase em frente. Dentro do restaurante, a decoração é minimal: posters vários com imagens de capitais facilmente identificáveis são o único destaque nas paredes; a televisão sintonizada para a Sport TV também pode ser um atractivo (e sê-lo-á, certamente). Tudo o mais é muito claro, recto, sem grandes laivos de criatividade – o que é, por si mesmo, original e, por que não?, criativo.

Não demorou muito até que as iguarias nos fossem servidas e, na senda do que temos comido na maioria das chafaricas do género que tivemos a oportunidade de experimentar (porque não entramos em qualquer sítio, já que prezamos muito os bons apetites), estava tudo assaz saboroso: a carne era sem dúvida boníssima, as batatas estavam um arraso (sobretudo as de batata-doce), os acompanhamentos eram bem combinados e tudo nos soube muito bem (e não, não era mesmo só fome). Dois apontamentos, apenas: o PA pediu o seu Pré 100% sem tomate e o tomate veio na mesma – sem dramas, que era rodela grossa e fresca (nada daquelas coisas tipo plásticos dos McDonald’s da vida) e comi-a eu; já o bolo do caco, pão madeirense que tanto prezo, foi mais uma vez mal compreendido pelos continentais: é que aquilo ou se serve muito fresco ou torrado, de outro modo torna-se massa difícil de deglutir – não é a primeira vez que me deparo com o dislate de o servirem como se fosse pão de forma, já bastas horas depois de feito, e é coisa que gostaria de ver rectificada (sendo que, neste caso, nem era coisa grave).

Vai daí? Aconselho vivamente a Hamburgueria 100%, para quem gosta destas coisas dos hambúrgueres contemporâneos (e eu gosto, não é segredo para quem quer que seja): o serviço é simpático e atento (esqueçamos a rodela de tomate, vá), as matérias-primas são de facto muito boas e os bons apetites estão assegurados (mesmo porque a conta é amiga da certeira: 8,25€ pagámos nós, nem mais um cêntimo).

100% Artesanal

Morada: Rua Padre Américo 11A, Telheiras, Lisboa
Telefone: 218 206 730
Horário: Dom a Qui – 12h00 às 23h00 | Sex e Sáb – 12h00 às 24h00
Aceitam reservas? Sim

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