Placa da Adega Vila Meã

Temos um caderninho (que nos foi oferecido pela MSS) onde vamos colando os recortes de revistas/jornais/outros que nos despertam os apetites para esta ou aquela chafarica, bem como as dicas que o nosso querido Cardume nos vai dando: trata-se de uma espécie de agenda desorganizada, a que recorremos quando estamos sem ideias para a incursão semanal ordinária. Foi assim que, na passada quinta-feira, fomos parar à Adega Vila Meã, na Rua dos Caldeireiros, mesmo ali na zona antiga do Porto.

O estacionamento, dependendo dos dias, pode não ser fácil, na zona dos Clérigos, mas acabámos por conseguir um lugar simpático mesmo na rua (de outro modo, há sempre parques pagos nas redondezas), embora a uns metros de distância suficientes para que a caminhada de regresso (ó p’ra cima) ajudasse na digestão. A Adega Vila Meã fica num dos muitos prédios antigos sitos na artéria portuense (restaurados ou por restaurar) e só é identificada por uma placa discreta, na parede exterior, ao lado da porta. Para quem está familiarizado com o Miss’Opo, este estaminé fica apenas umas portas abaixo, do mesmo lado esquerdo, quem desce.

Muito embora tenhamos sempre o cuidado de reservar mesa (e sempre que não o fazemos, por sermos “só dois”, acabamos por nos arrepender, como aconteceu no Bar Tolo Meu), a verdade é que tínhamos o espaço só para nós — e pudemos escolher entre duas das mesas já preparadas, sendo que ficámos na que se situava mais junto à televisão, porque um quinto de nós tinha um jogo de futebol para seguir na televisão. Fomos cinco: eu e o AV, a MAA, a IP (a única que já conhecia a chafarica e lhe atestava a fama com proveito) e a BC, todas honorabilíssimas constituintes do nosso Cardume não fixo.

Éramos, portanto, nós, e o casal proprietário do restaurante (presente também nos muito recortes de imprensa que, como quadros, ornamentam as paredes do restaurante, lado a lado com objectos tipicamente nacionais: xailes, azulejos com dizeres e pratos de barro com quadras, relógios ou mesmo uma guitarra portuguesa), mais a sua neta de colo e a cozinheira, lá ao fundo da sala sobre o comprido (com capacidade para não mais do que meia centena de comensais). Estávamos praticamente em família, embora não tenhamos evitado uns olhares apreensivos quando desatámos a fotografar tudo o que víamos.

O Presunto
O Presunto

A BC vinha com a lição estudada e era a única que sabia previamente de entre que pratos escolher; o resto da malta foi pela intuição, que costuma ser camarada. Assim, e enquanto deglutíamos um queijinho delicioso e um presunto (com cheiro e sabor a presunto) acabadinho de cortar, acompanhados por uma broa de Avintes que parecia bolo e pães de trigo comuns, declinámos a oferta de Cozido à Portuguesa feita pelo Sr. Armando e optámos por Alheira Guarnecida (para a MAA e IP), Rojões para o AV, Bifanas de Salpicão para a BC e  Secretos de Porco Preto para mim (não sei se colhemos grande simpatia por parte da cozinheira, que se viu obrigada a elaborar quatro pratos diferentes, mas não o conseguimos evitar, perante uma ementa tão apetecível).

Todos os pratos vinham acompanhados de batata frita caseira, às rodelas, com a espessura ideal (que é aquela que não se explica, reconhece-se), sal no ponto e sabor irrepreensível — foi esta, de resto, a primeira estrela da companhia, ainda que o festim só estivesse a começar; a excepção era mesmo o prato de rojões, cuja parelha eram batatas estufadas (para grande pena inicial do AV, que depressa ultrapassou o desgosto, porque comeu as suas, que estavam “muito boas” e ainda atacou as nossas, que eram muito mais do que conseguiríamos comer), como pede o tradicional rojão.

Vieram também grelos (bons), salada mista (excelentemente temperada) e arroz soltinho (que fez as minhas delícias mas nem por isso as do AV, que gosta dele mais cozido). Quanto ao resto, só elogios: alheiras das boas (isto é, com carne muita, pão algum e gordura pouca), bifanas de salpicão (carne de porco com forte tempero de vinha de alhos) elogiadas por todos (já que a BC distribuiu um naco por cada um), secretos saborosíssimos e rojões como devem ser. Acompanhámos tudo com o verde branco da casa, que não agradou igualmente a todos mas que, fresquinho, cumpriu a tarefa.

A Maçã Assada
A Maçã Assada

Ainda que nesta altura devêssemos estar já a deitar comida pelas orelhas, a verdade é que (somos Carapaus ou não somos?) havia ainda lugar para o docinho, sem o qual nenhuma refeição se pode dar por findada. E foi mais uma rodada de quase tudo quanto havia para escolher: a inevitável Mousse de Chocolate para o AV, Maçã Assada para a MAA, Mousse de Manga para a IP, Romeu e Julieta (que aprendi ser o nome que se dá ao que sempre chamei, prosaicamente, queijo com marmelada) para a BC e Leite Creme para mim, depois de me certificar de que era queimado na hora. Mais uma vez, repetiram-se os elogios (a mousse de manga estava “muito bem feita”, a maçã assada estava “muito boa”, assim como a mousse de chocolate, e o queijo do Romeu e Julieta até era da Serra), excepção feita para o leite creme que, infelizmente, já fora confeccionado há demasiado tempo e tinha estado demasiado tempo ao lume, apresentando mais a consistência de um pudim denso do que um creme. E nem o açúcar queimado na altura o salvou, mesmo porque o sabor do “creme” não era dos melhores que já provei.

Posto isto, cozinha já fechada e os proprietários completamente embrenhados na trama de uma novela portuguesa da SIC, havia que fazer as contas e deixar a família em paz: pedimos os cafés e a dolorosa, que veio a revelar-se, afinal, surpreendentemente simpática para um estaminé como o Adega Vila Meã, que é apresentado por quem percebe da poda como tendo um preço médio de 25€; ora considerando que os Carapaus ultrapassam sempre (e de modo pouco modesto) os preços médios, foi com prazer redobrado que pagámos 21€ por estômago e recomendamos o Adega Vila Meã a quem gosta de comida da boa, a preço justo.

Tenham bons apetites e até breve!

Adega Vila Meã

Morada: Rua dos Caldeireiros 62, Porto
Telefone: 222 082 967
Horário: Seg a Sáb – 12h00 às 15h00 – 19h00 às 22h00
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