O desafio partiu da RV: a Porto Restaurante Week estava aí outra vez e era giro irmos experimentar um dos 32 restaurantes de gama média/alta (ou alta, vá, se pensarmos que em nenhum se come por menos de 25€, a atirar por baixo) que abrem as suas portas a quem queira aderir à iniciativa. Por 20€, que excluem bebidas, somos convidados a escolher entre (pelo menos) duas entradas, dois pratos principais e duas sobremesas, o que constitui oportunidade ímpar de conhecer estaminés a que o cidadão comum não vai sem fazer contas de cabeça ou, pelo menos, fora de uma ocasião especial. Desafio agarrado, portanto.

Tártaro de Lombo de Boi
Tártaro de Lombo de Boi

Perante a lista de restaurantes aderentes, e uma vez verificada a lotação esgotada n’O Egoísta, que seria a nossa primeira escolha, difícil foi decidirmo-nos por um que fosse do agrado e novidade para as três (a mim e à RV juntou-se a AB), na medida em que há muito estaminé apetecível, com menus de fazer crescer água na boca – mas acabámos por escolher o Clérigos Café & Brasserie, que partilha com o Shis (para além do grupo proprietário) o Chef António Vieira, o que é, desde logo, atestado de qualidade.

Ainda assim, e sem pré-conceitos (porque as expectativas nos píncaros podem ser factor destabilizador), num dia de sol e de uma baixa carregadinha de turistas, partimos para a incursão. Para mim, à descoberta do estaminé em causa, juntava-se a primeira ida ao Passeio dos Clérigos, que ainda não conhecia como tal. Gostei do espaço e do modo como se apresenta (segundo a AB, mulher das arquitecturas, não está especialmente bem integrado na zona envolvente, mas funciona lindamente), e cerio que gostarei mais ainda quando as lojas, que se fazem anunciar por placards onde mais tarde teremos montras, estiverem abertas.

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Mas passemos ao restaurante propriamente dito: o espaço, logo a seguir ao Costa Café, quem entra pelo lado da Igreja dos Clérigos, é enorme. Gigantesco. Sem que as mesas estejam encavalitadas umas nas outras, entre as várias salas e a esplanada (virada à Rua das Carmelitas), imagino que seja capaz de albergar uma duzentas pessoas, à larga. As linhas são modernas e arrojadas, sem perderem a sobriedade que há no clássico (nos sofás, por exemplo) e a música, entre o jazz melódico e o lounge, encontra-se na altura certa.

Fomos recebidas por uma chefe de sala, que nos conduziu à mesa que havíamos reservado de antemão (o que faríamos de qualquer modo, mesmo que não fosse imperativo fazê-lo, de acordo com as regras da Restaurant Week. Depois, ficámos à mercê de um par de funcionários que, embora nos parecessem algo desajustados no local, lá foram cumprindo as suas tarefas (mais tarde, haviam de ser substituídos por quem percebe da poda, efectivamente).

 Açorda de Lingueirão
Açorda de Lingueirão

Enquanto íamos trincando fatias de pão estaladiço, com manteiga desempacotada à temperatura ambiente, escolhemos o vinho, que nos foi sugerido pela casa por se encontrar em promoção, a 12€ a garrafa (um DOC do Douro maduro branco, servido na temperatura idílica) e as entradas: porque havia três hipótese à disposição, optámos por pedir uma de cada. Veio assim um Tártaro de Lombo de Boi para a RV, um Carpaccio de Bacalhau Fresco Com Queijo da Ilha para a AB e Tomate, Mozzarela de Búfala, Rúcula e Pesto para mim. De entre todas, é difícil preferir ou preterir alguma. O Tártaro vinha com gema de ovo, um molho de pimenta e pedrinhas de sal, à parte, e soube divinalmente; do Tomate com Mozzarela só podem dizer-se maravilhas, já que o tomate sabia mesmo a tomate (por oposição aos que sabem a água), o mozzarela era uma maravilha e o pesto delicioso; o Carpaccio foi o que menos louvores colheu, talvez porque o bacalhau fresco não tenha um sabor tão intenso, mas estava muito bom também.

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Já absolutamente conquistadas, passámos aos pratos principais: Açorda de Lingueirão para a RV, Porco Preto, Migas de Batata e Azeitona, Jus e os Nossos Pickles para mim e para a AB. Todas provámos tudo e quaisquer palavras são poucas para descrever o quanto gostámos de degustar comida de qualidade, confeccionada com originalidade sem fugir ao travo luso. Não se trata de pratos para quem gosta de comer muito, mas antes para quem gosta de comer bem (e como nos inserimos nos dois grupos, nem sempre em simultâneo, deliciámo-nos).

É de salientar a vastíssima oferta de uma ementa (retratada na galeria de fotografias) capaz de agradar a gregos e a troianos, onde também (como no Shis) não falta o sushi, mas também pizzas e outras (re)interpretações da cozinha nacional. Há preços especiais para o almoço, que são muito apetecíveis.

Tartelete de Lima Limão
Tartelete de Lima Limão

Faltava-nos a cereja em cima do bolo e, pese embora houvesse duas sobremesas de entre que poderíamos escolher, todas preterimos o Crème Brulée de Earl Grey com Gelado de Chocolate e atacámos a Tartelete de Lima Limão, que nos ficara na retina desde que consultáramos o menu do Clérigos Café & Brasserie, no site do Porto Restaurant Week.

Na verdade, não poderíamos ter feito melhor escolha. Como descreveria a Bacelar, após a primeira garfada, “reparem como se sente primeiro o sabor doce do merengue e depois o travo citrino do creme de lima limão” – tinha toda a razão. Mesmo a base de bolacha, na quantidade, textura e sabor ideais, estava de se lhe tirar o chapéu e até a metade de morango sabia mesmo (uma vez mais, perdoe-se-nos o pleonasmo, mas isto são muitas incursões e já temos ingerido coisas menos boas), mas mesmo, a morango.

Depois de mais duas de letra, de um café e da conta (26€ a cada uma, num estaminé em que refeição similar facilmente galgaria o limite dos 40€, fora da Restaurant Week, foi música para as nossas carteiras), eram já quase cinco da tarde quanto regressámos ao carro, desfrutando de privilégio de atravessar os Jardins da Cordoaria com um sol de Verão e carregando na bagagem um almoço pleno de bons apetites.

Clérigos Café e Brasserie

Morada: Rua das Carmelitas 151, Porto
Telefone: 223 400 770
Horário: Seg a Dom – 09h00 às 24h00
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