Não sei se já repararam, mas tendemos a abordar, aqui pela chafarica, muito mais estaminés-ao-jantar do que ao almoço. Mais: quando vamos almoçar e o registamos, é em restaurantes onde muito facilmente nos imaginamos a jantar (mesmo porque é ao fim da tarde, princípio da noite, que mais gostamos de praticar os bons apetites, seja porque temos mais disponibilidade, seja porque tudo nos sabe melhor). Ora hoje trazemo-vos uma exceção, quer em termos de tipologia do estaminé que vimos partilhar, quer no que à localização concerne, já que raramente nos dirigimos à zona do Bonfim/Campanhã: o Mesa 325, que fica mesmo ao fundo da Avenida Camilo, já pertinho do Campo 24 de Agosto, é restaurante diurno, bom para lanches de meio da manhã ou tarde e, sobretudo, para o almoço, altura em que apresenta um menu a preço ótimo.
A ida para aquela zona não foi fortuita: só ouvi falar do Mesa 325 porque a RV, que trabalha ali perto, mo sugeriu para um dos nossos vamos-pôr-a-conversa-em-dia-à-hora-de-almoço, depois de passar por ele e de os colegas de trabalho lhe terem dito que valeria a pena. De resto, esta foi a nossa segunda tentativa de ali ir: aquando da primeira, demos com o nariz na porta, porquanto os responsáveis tinham tirado uma semana de férias – mas somos gente chata e insistente: na primeira oportunidade, voltámos.
Chovia que se fartava, naquele dia: depois de uma semana de tréguas e algum calor, o Inverno voltara a entrar pela Primavera adentro, o que só releva para o caso porque, como se sabe, o trânsito fica ainda mais louco e o estacionamento quase impossível, numa zona de escolas e empresas diversas. Vai daí, acabei por optar pelo plano B (sabiamente passado pela RV), que consiste em estacionar no Lidl que existe ao cimo da Avenida – se por acaso a cancela não estiver aberta, basta comprar qualquer coisa no supermercado (e há sempre qualquer compra para fazer) e tem-se duas horas de estacionamento gratuito.
Chegámos ao bater das 13h e não tivemos dificuldade para conseguir uma mesa, ao contrário do que acontece em certos dias, ao que parece (pelo sim, pelo não, convém comparecer uns minutos antes das 13h). Todo o espaço é delicioso, a começar pela montra, a partir da qual se vislumbra um mini-balcão de madeira à janela. Já lá dentro, salta à vista uma poltrona de estrutura de madeira, logo à entrada, bem como uma série de apontamentos nas paredes, pintadas de modo a parecerem cimento, de um dos lados, e de com pedaços em pedra, do outro: livros, quadros e posters dão-lhe o ar acolhedor de uma decoração que podia ser a de casa (ao menos para quem gosta do género, e eu gosto). Também há uma estante com compotas, cervejas artesanais e batatas fritas empacotadas de ar apetecível e “saudável” e, quase em frente, um aparador que parece saído dos anos 70 da minha infância.
O fundo, um balcão onde o resto (e o resto é a comida, o que não é pouco) acontece. De lá, um dos funcionários (ou donos, não perguntei – como é natural) veio apresentar-nos o menu de almoço do dia, com solicitude e competência: havia sopa de cogumelos, chá e empada de frango com salada. Pareceu-nos para lá de bem e fechámos contrato, após o que, quase de imediato, tivemos direito à sopa, fumegante e muito saborosa, e ao chá (morno a quente), servido em copos de vidro grosso. Depois, e quase sem interrupção, veio o prato principal, que me encantou desde logo, pela apresentação: gosto de saladas generosas e coloridas (e ali havia alface, rabanete, tomate-cherry, um molho vinagrete com vinagre balsâmico e (maravilha das maravilhas, que eu gosto delas em tudo) sementes de sésamo. Felizmente, não apenas o aspeto era bom, o sabor estava em conformidade e ligava na perfeição com os folhados de frango, de massa estaladiça e interior gostoso – embora, quanto a mim, demasiado passado, porque aprecio encontrar os fiapos do que quer que seja que o componha. Confesso que ficaria bem apenas com uma unidade (ao almoço sou menos enfardadeira do que ao jantar) mas marcharam ambas, com toda a vontade.
Depois, a nossa gula não resistiu à sobremesa e se a RV optou pelo bolo de chocolate com beterraba, de que gostou bastante, por ser sequinho e pouco doce (excelente “bolo-de-chá”, como chamo ao género), eu fui para o Brownie, porque previ que fosse mais consistente e doce – e não me enganei, encerrou belissimamente a refeição.
No final, a cereja em cima do bolo: o menu completo custava apenas 5€ e nós só pagámos mais (quase 7€ no caso da RV; um pouco mais de 7€, esta vossa criada) porque não resistimos ao doce conjugado com o sabor do café – e isto faz do Mesa 325 um dos estaminés mais simpáticos que conheço para um almoço rápido (o nosso não o foi propriamente, mas poderia ter sido) e saudável, para além de que encontrei na montra do balcão, que fotografei, belíssimos argumentos para regressar (seja para um lanche, seja para mais almoços).
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